Candidatos ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) concentraram as agendas de campanha das últimas semanas em visitas à região Sudeste, mais populosa do país. O objetivo é conquistar mais votos e consolidar uma vitória neste domingo (30/10), quando será realizado o segundo turno das eleições.
A campanha pela segunda etapa do pleito teve início em 3 de outubro, um dia após o primeiro turno acabar com uma disputa acirrada pela Presidência da República. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula teve 48,30% dos votos válidos, contra 43,20% de Bolsonaro.
Segundo um levantamento feito pelo Metrópoles, o petista cumpriu agendas nos três estados do Sudeste em 22 oportunidades, o que representa mais de 80% de todas as viagens feitas pelo país.
A pesquisa considerou o período entre 3 e 28 de outubro, data de início e fim da campanha pelo segundo turno. O levantamento baseou-se nas agendas divulgadas pelas respectivas assessorias dos dois candidatos.
Durante a campanha de segundo turno, o estado mais visitado por Lula foi São Paulo, onde o ex-presidente esteve por 15 vezes. Vale ressaltar que o núcleo de campanha do petista também se situa nessa unidade da Federação. Na sequência, estão Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde o candidato do PT esteve em quatro e três oportunidades, respectivamente.
No mesmo período, Jair Bolsonaro marcou presença na região Sudeste em 19 ocasiões, o equivalente a 52% de todas as visitas a estados feitas na campanha pelo segundo turno.
Assim como o petista, o atual presidente visitou mais o estado de São Paulo, onde esteve em 10 ocasiões. Em Minas, o candidato à reeleição marcou presença em cinco oportunidades. Ele esteve por outras quatro vezes no Rio de Janeiro, sei reduto eleitoral.
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Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022 Reprodução/Instagram
Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos Hugo Barreto/Metrópoles
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois Rafaela Felicciano/Metrópoles
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais Getty Images
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM) Rafaela Felicciano/Metrópoles
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam Rafaela Felicciano/Metrópoles
A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a Jair JP Rodrigues/Metrópoles
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Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da República Daniel Ferreira/Metrópoles
Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL) Rafaela Felicciano/Metrópoles
É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos Instagram/Reprodução
Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidente Igo Estrela/Metrópoles
Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outros Alan Santos/PR
Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidente Rafaela Felicciano/Metrópoles
De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga Netto Igo Estrela/Metrópoles
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O cientista político Leonardo Paz avalia que a decisão das campanhas em buscar focar as agendas no Sudeste é para conquistar eleitores ainda indecisos. “Primeiro, do ponto de vista econômico, a minha impressão é de que ambos os candidatos já deram o tom, as grandes tinturas já foram datas, já consolidaram as próprias alianças e os apoios que conseguiram buscar para o segundo turno. O momento, agora, é, mais do que ganhar voto, baixar a rejeição”, diz.
“Quando você olha isso dentro do espaço amostral, você vê que 10% do eleitorado ainda não definiu o voto e este é um público bem retratado: são mulheres, de classe média e estão no Sudeste. Então, isso pauta a agenda”, completa.
Veja abaixo o número de visitas de Lula e Bolsonaro por região do país:
Nordeste fica em segundo plano
O Nordeste concentra na Bahia o quarto maior colégio eleitoral do Brasil, correspondendo a 7,22% dos votantes do país. Foi na região que os dois candidatos à Presidência tiveram a maior diferença de votos no primeiro turno. Lula conquistou 67% dos votos do eleitorado, contra 26,8% de Bolsonaro.
Na campanha pelo segundo turno, o atual presidente esteve em cinco estados nordestinos: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí. No mesmo período, o petista foi a quatro estados: Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe.
Logo após o resultado do primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro citou o analfabetismo no Nordeste ao tentar explicar a derrota sofrida para o ex-presidente Lula na região. Na mesma semana, o adversário do atual chefe do Executivo federal rebateu a declaração do presidente.
“Meu adversário disse que eu só ganhei as eleições dele porque o povo nordestino é analfabeto. As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por sua responsabilidade. Elas ficaram analfabetas porque esse país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação. […] Foi um metalúrgico quase analfabeto que trouxe a universidade para cá”, disse Lula, fazendo referência aos seus oito anos de governo.
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Luiz Inácio Lula da Silva, nascido em 1945, é um ex-metalúrgico, ex-sindicalista e político brasileiro. Natural de Caetés, no Pernambuco, foi o 35º presidente do Brasil Fábio Vieira/Metrópoles
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De origem simples, Lula se mudou para São Paulo com a família quando ainda era criança. Na infância, trabalhou como vendedor de frutas e engraxate Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Mais tarde, tornou-se auxiliar de escritório, foi aluno do curso de tornearia mecânica no Senai e, tempos depois, passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos, onde perdeu o dedo mínimo da mão esquerda Fábio Vieira/Metrópoles
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Em 1966, Lula começou a trabalhar em uma empresa metalúrgica. Em 1968, filiou-se ao Sindicado de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e, em 1969, foi eleito para a diretoria do sindicato da categoria Fábio Vieira/Metrópoles
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Durante a ditadura militar, liderou a greve dos metalúrgicos e foi preso, cassado e processado com base na lei vigente à época. Foi justamente nesse período que a ideia de fundar o Partido dos Trabalhadores surgiu Ricardo Stuckert
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Para formar a sigla, juntou representantes de movimento sindicais, sociais, católicos e intelectuais. Lula se tornou o primeiro presidente do PT. Durante a redemocratização, foi um dos principais nomes do Diretas Já, e no mesmo período, iniciou a carreira política Reprodução/YouTube
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Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo e, em 1989, concorreu pela primeira vez para presidente. Perdeu para Fernando Collor. Lula disputou o Palácio do Planalto outras duas vezes até ser eleito, em 2002 Ricardo Stuckert/Reprodução/Instagram
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Cumprindo o primeiro mandato, foi reeleito em 2006, após disputa com Geraldo Alckmin, e permaneceu como presidente até 31 de dezembro de 2010 Fábio Vieira/Metrópoles
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Durante o período em que foi chefe de Estado, ficou conhecido pelos programas sociais Fome Zero e Bolsa Família, pelos planos de combate à pobreza e pelas reformas econômicas que aumentaram o PIB brasileiro. No exterior, Lula foi considerado um dos políticos mais populares do Brasil e um dos presidentes mais respeitados do mundo
Fábio Vieira/Metrópoles
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Após passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula começou a realizar palestras nacionais e internacionais. Em 2016, foi nomeado por Dilma para comandar a Casa Civil, mas foi impedido de exercer a função pelo STF Fábio Vieira/Metrópoles
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Em 2017, Lula foi condenado pelo então juiz Sergio Moro por lavagem de dinheiro e corrupção, resultado da Operação que ficou conhecida como Lava Jato. A sentença levou Lula à prisão até 2019, quando ele foi solto após o STF decidir que ele só deveria cumprir pena depois do trânsito em julgado da sentença Fábio Vieira/Metrópoles
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Em 2021, o Supremo declarou que Sergio Moro foi parcial nos julgamentos e, consequentemente, todos os atos processuais foram anulados. Lula tornou-se elegível outra vez e, tempos depois, confirmou a intenção de se candidatar novamente ao Planalto Reprodução
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Após a polêmica, era esperado que Bolsonaro investisse na região para conseguir diminuir a diferença de votos e se retratar pela declaração. O comitê que trabalha pela reeleição do presidente, no entanto, preferiu focar os compromissos de campanha na região Sudeste e, de olho no eleitorado feminino e do Nordeste, anunciou uma série de medidas.
Veja o número de vezes que Lula e Bolsonaro compareceram a cada estado do país:
Enquanto Bolsonaro procurou visitar todas as regiões do país, Lula ignorou o Norte e o Centro-Oeste. O petista esteve em quatro oportunidades no Nordeste e visitou o Sul em apenas uma ocasião. Já o atual presidente esteve nas mesmas regiões em uma e duas oportunidades, respectivamente. Bolsonaro ainda visitou o Nordeste por cinco vezes e foi ao Centro-Oeste em nove oportunidades. Vale destacar que é na capital da República que o candidato à reeleição está baseado.
Para Danilo Morais, professor de ciências políticas do Ibmec Brasília, a presença de Bolsonaro em todas as regiões do país “reflete a própria circunstância desfavorável de sua campanha, que amargou mais de 6 milhões de votos de desvantagem no primeiro turno, a despeito de todas as vantagens competitivas que teve como incumbente”.
“Sem reverter votos atribuídos a Lula no primeiro turno, a vitória bolsonarista é uma miragem distante e essa tarefa nem de longe é trivial, já que estamos falando de candidatos muito distintos e que mobilizam preferências e sentimentos eleitorais muito antagônicos. A disputa, nesse sentido, é entre o legado de dois atores que já ocuparam a Presidência da República”, explica.
A Anatel proibiu que empresas liguem de vários números aleatórios para o consumidor. A multa pode chegar a R$ 50 milhões. Foto: Akim Lakeev/Shutterstock
Determinação...