Blocos trazem o Brasil a Brasília

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    Com percursos e atrações variadas, os oito blocos tradicionais vão animar a folia de rua no DF. Ritmos de todos os cantos do país, como axé, maracatu, samba, marchinhas e música afro, são algumas das opções

    Antes conhecida como a capital do rock, hoje Brasília se destaca como a cidade de todos os ritmos. Em época de Carnaval, esse título se reafirma com manifestações culturais de todas as regiões brasileiras. Os principais responsáveis por essa diversidade são os blocos tradicionais de Brasília, que se apresentam em vários locais da cidade e região a partir deste sábado (18) até a terça-feira (21).

    Locais como as Asas Sul e Norte, Eixão, Esplanada dos Ministérios, Taguatinga, Ceilândia e Núcleo Bandeirante estão no percurso dos blocos. O presidente da Liga Carnavalesca dos Trios, Bandas e Blocos Tradicionais, Jean Sousa Costa, aposta na diversidade de opções que os brasilienses terão como ponto forte do carnaval 2012. “Os blocos farão seus circuitos todos os dias e o grande barato é que nós contemplamos todas as manifestações artísticas do Brasil”, destaca.

    Pacotão – O Pacotão está classificado entre os “blocos dos sujos”, que são manifestações populares típicas do carnaval de rua brasileiro. Formado por um grupo de foliões com fantasias improvisadas, o bloco saiu pela primeira vez em 1978, da 302 Norte, em direção a um lugar não definido na Asa Sul, pela contramão da W3. O improviso e a desorganização são características do Pacotão, que reúne centenas de pessoas que cantam e sambam marchinhas satíricas e críticas.

    “Como todo bloco dos sujos, não planejamos nada. Esperamos apenas muita folia e irreverência. Em Brasília, cidade onde a população é formada por pessoas que vieram de todos os estados do país, essa manifestação não poderia ficar ausente”, acentua José Antonio Filho, da comissão organizadora do bloco.

    Baratona – A Baratona foi fundada por um pernambucano, que, motivado pela saudade de sua terra natal, criou um bloco cujo objetivo era passar de bar em bar e, na chegada, premiar o folião mais embriagado. Com o tempo, o público baratoneiro se consolidou em jovens, o que trouxe para a festança os trios e bandas de axé. O caráter educativo também está presente na Baratona, que traz alertas sobre assuntos como prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, paz no trânsito e uso de bebidas alcoólicas e drogas. Hoje, com 32 anos, o bloco possui público estimado de 7 mil pessoas, entre foliões, pipocas e vendedores ambulantes.

    Os abadás para a Baratona serão vendidos a partir das 17h na concentração, no Eixão Sul, na altura das quadras 107/207. Serão 2,8 mil camisetas para quem quiser acompanhar o bloco dentro dos limites do cordão do trio. Quem não for comprar o abadá poderá aproveitar a festa na chamada pipoca, fora do cordão de isolamento. A organização do bloco promete segurança em todo o evento, a exemplo dos anos anteriores. “Nós nos preocupamos muito com a segurança, pois queremos resgatar o Carnaval da família, trazendo as crianças, os jovens e os adultos para pular conosco”, afirma a organizadora da Baratona, Esmeralda Penha.

    Raparigueiros – O bloco dos Raparigueiros surgiu em 1988, quando dois amigos nordestinos tiveram a ideia de criar um grupo para acompanhar outros blocos, como a Baratona. Com nome e camisetas próprias, o grupo pulou o carnaval atrás da Baratona durante dez anos. Em 1998, o Raparigueiros começou a receber mais incentivo e, pela primeira vez, desfilou com infraestrutura própria, com trio, som e mil camisetas e bonés. Com foco na música baiana, o bloco possuía um público essencialmente jovem, que se tornou heterogêneo com o passar do tempo.

    Segundo Pedro Nery, um dos diretores do bloco, o Raparigueiros está imperdível em 2012. “Como nos anos anteriores, o bloco vai envolver diversos públicos com muita alegria e descontração. Teremos axé e muito pagode no Gran Folia. Vamos vender 2,5 mil abadás e esperamos um público de 15 mil pessoas nos dois dias”, destaca o dirigente.

    Baratinha Com a falta de opções acessíveis para as crianças, integrantes do bloco Baratona pensaram na criação de um bloco que contemplasse esse público. Foi assim que, em 1990, surgiu a Baratinha. O bloco, que se reúne no estacionamento do Parque Ana Lídia, no Parque da Cidade, oferece água, refrigerante, pipoca, doces e pelo menos 25 tipos de brinquedos infláveis para as crianças, gratuitamente. Além disso, bandas infantis animam a festa, repleta de banhos de espuma, serpentinas e confetes. Na Baratinha é proibida a entrada de cigarros e bebidas.

    “Se quer brincar e pular carnaval, a Baratinha é o lugar certo. Temos depoimentos de pais que foram com os filhos em anos anteriores e disseram que nunca tinham brincado tanto com os pequenos. Lá a diversão é garantida”, diz o diretor do bloco, Paulo Henrique de Oliveira.

    Galinho de Brasília – A dificuldade de os foliões nordestinos passarem o carnaval em seu estado de origem fez com que um grupo de pernambucanos criasse, em 1992, o Galinho da Madrugada… Por enquanto. Após o primeiro Carnaval, foi criado o Grêmio Recreativo da Expressão Nordestina (GREN) – Galinho de Brasília, com a intenção de recuperar os valores das tradições culturais nordestinas em Brasília e no Brasil. Inspirado no tradicional Galo da Madrugada, de Recife, o bloco brasiliense sai às ruas no ritmo do frevo, típico de Pernambuco. O público é de cerca de 30 mil pessoas que vão de crianças a pessoas com mais de 90 anos.

    “Além de comemorar o vigésimo aniversário do bloco, vamos homenagear o compositor Luiz Gonzaga por seus 100 anos. Nosso tema este ano é ‘O Galinho no cangaço’. Por isso os organizadores se vestirão de Lampião e Maria Bonita. Para quem quiser aprender frevo, vamos trazer 10 passistas direto de Olinda”, anuncia o diretor executivo do bloco, Sérgio Brasiel.

    Mamãe Taguá – Reavivar a tradição popular é o principal objetivo do bloco Mamãe Taguá, criado em 1995 por um grupo de artistas sedentos por folias carnavalescas em Brasília. Além dos desfiles em Taguatinga, o bloco possibilita a manifestação cultural na comunidade, com a realização de oficinas de teatro, dança, artes visuais e música, resgatando novos talentos e confeccionando materiais para a festa. O nome do bloco surgiu da boneca criada para homenagear a cidade de Taguatinga. Entre as atrações musicais da Mamãe Taguá estão o samba, os cocos, maracatus, frevos e as marchinhas, além de teatros de bonecos e bandas.

    Um dos organizadores do bloco, Jorge Cimas, garante que 2012 será um ano de novidades no Mamãe Taguá. “Vamos aumentar a quantidade de pernas de pau e, pela primeira vez, vamos captar flashes instantâneos da festa para lançar no You Tube e no site do bloco. Temos, ainda, o jegue hitech e a cabrita cibernética, que são o nosso som em bonecos caracterizados. É a resistência nordestina!”, brinca Jorge.

    Menino de Ceilândia – O bloco Menino de Ceilândia foi criado em 1995 pela Associação Cultural Menino de Ceilândia para a realização de atividades carnavalescas. O boneco que dá nome ao bloco foi confeccionado no mesmo ano. O principal ritmo é o frevo. O Menino de Ceilândia traz, ainda, novos bonecos que homenageiam personalidades da cidade. Os gigantes são confeccionados durante o ano em oficinas, que também são direcionadas a outras atividades educativas e culturais para crianças, jovens e adultos de escolas públicas e centros de assistência social.

    O tema da festa em 2012 é a cultura popular, de acordo com o presidente da Associação Cultural Menino de Ceilândia e coordenador do bloco, Ailton Velez. “As camisas, músicas, passistas e máscaras são voltadas para a valorização da cultura popular. Além disso, nossos bonecos, nossas danças e nosso frevo são feitos pela própria comunidade e têm a cara de Brasília”, ressalta.

    Àsé Dúdú – Fundado em 1987, o bloco Àsé Dúdú surgiu para atender à comunidade afrodescendente do DF, difundindo a cultura afro-brasileira e incentivando as relações culturais entre os povos. O bloco carnavalesco conta com o som da Banda Show Àsé Dúdú (voz e percussão) e arrastão com ritmistas, percussionistas e dança afro. Além do carnaval, o Àsé Dúdú realiza projetos durante o ano, como formação de bandas, grupos de dança, capoeira, oficinas de percussão, palestras, apresentações e exposições fotográficas e artesanais, entre outros.

    “O nosso carnaval é diferente porque é mais cultural. Além de dançar e se divertir, as pessoas conhecem um pouco mais sobre a cultura afro-brasileira, com apresentações de percussão, grupos de capoeira e dança afro. Na Banda Show Àsé Dúdú teremos novidades no arranjo”, adianta a presidente do bloco, Elizabete Cintra.

    Foto Foto: Mary Leal
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