Vendendo trufas de chocolate entre os corredores formados por carros em um acesso para as avenidas Itavuvu e Ipanema, Laura*, 11, passa todas as tardes no local, até mesmo quando está chovendo. Ao final do dia retorna para a casa, no Parque São Bento, com pelo menos R$ 40, que são entregues a sua mãe. A menina conta que segue essa rotina há pouco mais de um ano, depois que sua mãe teve um bebê e o pai os abandonou.
A menina conta que a mãe prepara as trufas durante a manhã, enquanto ela está na escola. Depois que chega em casa, almoça e se prepara para a jornada de trabalho, que dura das 13h30 às 17h30. “Minha mãe sempre fala para voltar enquanto o dia ainda está claro, não importa quantas trufas eu tenha vendido. Ela tem medo que eu ande sozinha à noite”, relata.
Antes da chegada do irmão, Laura conta que a mãe fazia doces para vender de porta em porta. Depois que o caçula nasceu, ela precisou assumir as vendas.
Renda
Toda a família vive com um salário mínimo recebido pela avó e o dinheiro das trufas garante as refeições e as fraldas do bebê. Laura leva cerca de 30 doces para vender. “Tem gente que acaba comprando um monte só para ajudar.”
A menina conta que não se incomoda com o trabalho, mas às vezes sente medo de alguns motoristas. “Tem uns homens que falam umas coisas feias, me chamam para entrar no carro”, relata. Laura divide o mesmo ponto com outros vendedores ambulantes, mas a maioria no local já é adulto.
Próximo ao cemitério da Saudade, há muitos meninos vendendo água. Já na região do Campolim, vários garotos, que aparentam ter entre 8 e 13 anos, circulam oferendo balas, água e panos de prato. Todos ficam sob a vigilância de um rapaz, que de longe monitora o que fazem. (Larissa Pessoa)
* Laura é um nome fictício utilizado a fim de proteger a identidade da criança.
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