AS ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS NA ÁREA RURAL DO DF
Salin Siddartha
O avanço da modernização das atividades agropecuárias está associado à integração da unidade produtiva às redes de produção, visando atender segmentos de mercados. Em função disso, ocorre nova divisão de trabalho no interior das unidades familiares, liberando alguns membros das famílias para ocuparem-se em atividades alheias à sua unidade produtiva; nota-se também que, por outro lado, os membros da família têm seu tempo de trabalho reduzido, possibilitando-os combinar a produção agrícola com outra atividade externa, agrícola ou não.
As atividades não-agrícolas no campo expressam a natureza multifuncional do espaço rural de hoje em dia, que pode fortalecer o contexto social local e criar caminhos para a sustentabilidade rural; a prática social e econômica do campo é ampliada pela multifuncionalidade do espaço rural contemporâneo, pela participação comunitária e o conhecimento local. Assim, é necessário abrir, nos componentes urbanos e rurais, livre trânsito de suas economias e culturas, já que as inter-relações reconfiguram uma nova organização cultural e política.
O crescimento do emprego rural não-agrícola decorreu da modernização associada à expansão de atividades industriais e de serviços, pois, com o tempo, setores industriais começaram a buscar a zona rural para expandir suas instalações. A modernização da agricultura no cerrado, além de modificar as relações no processo produtivo, contribui, também, para o processo de urbanização do campo.
A estrutura produtiva agrícola enfrenta alterações nas relações sociais de produção pela diminuição crescente de postos de trabalho essencialmente agrícolas, além do surgimento de atividades não-agrícolas no espaço rural, as quais, embora em menor número, exigem outro perfil de trabalhadores. Porém o uso das ocupações não-agrícolas vem sendo atividade de crescente geração de emprego nas áreas campestres, constituindo uma estratégia que garante a reprodução do grupo familiar no campo.
A especialização agrícola crescente da agropecuária permite o aparecimento de novos produtos e mercados, como animais exóticos, por exemplo. Logo, a pluriatividade tem de ser vista como uma alternativa para fixar populações na zona rural.
A pluriatividade tende a generalizar-se tanto em áreas de produção agrícola, onde o avanço tecnológico diminui a demanda de trabalho nas propriedades, como nas
demais zonas rurais, onde o próprio Estado estimula o desenvolvimento de outras atividades econômicas, como o turismo e o artesanato. Esse processo conduzirá à revalorização do espaço rural em razão do crescimento do movimento ambientalista e da descentralização industrial, que tenderão a ampliar o mercado de trabalho e o exercício da pluriatividade pelas famílias camponesas.
Cruzeiro-DF, 24 de julho de 2019
SALIN SIDDARTHA