Diretor jurídico do Sinproep diz que 600 docentes de educação básica e 400 de nível superior foram desligados desde o surgimento da Covid-19
Pelo menos mil professores de escolas e universidades particulares do Distrito Federal entraram para a estatística do desemprego, fortemente alimentada por causa da crise deflagrada pela pandemia do novo coronavírus. Os números foram levantados pelo Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproed-DF), que já acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) para reverter ao menos parte dos desligamentos, considerados abusivos pela entidade.
Os dados do Sinproed indicam aumento de 100% no total de educadores de instituições particulares demitidos no DF nos últimos 30 dias. Em 1º de junho, levantamento da mesma entidade apontava 500 desligamentos. Além disso, no início do mês passado, 700 contratos tinham sido suspensos e 1,2 mil docentes sofreram cortes salariais, conforme prevê a Medida Provisória nº 936, do governo federal.
Agora, segundo o sindicato, são 600 professores da educação básica e 400 de instituições superiores dispensados da rede privada de ensino do DF. De acordo com Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sinproed, os cortes ocorrem porque “as faculdades de grandes redes estão centralizando as aulas remotas em suas matrizes, condensando a carga horária e demitindo profissionais em outras sedes”.
Pode piorar
Rodrigo argumenta que a situação pode se agravar ainda mais nos próximos dias. Isso porque, conforme previsto na convenção coletiva da classe, o período de recesso das atividades escolares também é conhecido como “janela de demissões”, mesmo antes da pandemia. A estimativa do diretor jurídico é de que mais de 300 desligamentos aconteçam.
“As redes [de ensino] podem se aproveitar deste momento para mandar ainda mais professores embora, o que caracteriza demissão em massa, e é ilegal”, alerta.
Veja comunicado do Sinproed, postado nas redes sociais:
Demissão em massa
Na segunda-feira (29/06), o Centro Universitário UDF demitiu pelo menos 50 professores, o que levou o Sinproed a acionar o MPT. Além da UDF, o diretor diz ter informações de que outras instituições particulares também planejam grande número de desligamentos.
“Diante dos fatos, o Sinproed vem denunciar que a ação desenvolvida pela empresa tem conformação de demissão em massa. Dessa forma, vimos solicitar a mediação desse Ministério Público do Trabalho, no sentido de dirimir o impacto que poderá ser causado aos trabalhadores”, disse a entidade, em documento assinado pela presidente do sindicato, Karina Barbosa de Jesus da Silva, e enviado ao MPT.
As demissões de docentes mais velhos e experientes na UDF enfrentaram grande reação de estudantes.
“Estamos indignados. Só no meu curso, psicologia, mandaram embora 10 professores. Justamente os mais velhos, que se empenharam em montar aulas on-line na pandemia. Gente compromissada. Havia mestres e doutores entre os demitidos”, informou ao Metrópoles uma estudante, que pediu para não ter o nome revelado por temer represálias.
“Como ficarão nessa crise? Muitos não têm outra fonte de renda”, preocupou-se a graduanda. Os estudantes planejam manifestação contra os cortes no próximo dia 6 de julho.