Endocrinologista Paula Pires revela o que causa a gordura no fígado

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Quando se pensa em gordura no fígado, é normal fazermos uma associação a alimentos gordurosos, como batata frita, carne à milanesa, bacon, banha de porco, chocolate ou peixe frito. Mas é aí que pode morar um perigoso engano. De acordo com a endocrinologista Paula Pires, o que aumenta a gordura no fígado, na verdade, são os carboidratos, como pão, macarrão, doces e biscoitos.

Segundo a médica, o fígado desenvolve uma série de funções em nosso organismo, como auxiliar a digestão das gorduras e armazenar algumas vitaminas e minerais. “É um órgão que está completamente envolvido com o processamento de carboidratos, proteínas e lipídeos, sendo uma das suas funções analisar se os nutrientes ingeridos serão utilizados para dar energia ao seu corpo, além das funções que ele precisa realizar, ou se será armazenado”, conta.

“Quando consumimos muito carboidrato, o nosso corpo precisa produzir insulina em excesso para que esse carboidrato entre na célula para gerar energia. Se temos muita insulina em nosso corpo, logo ela vai dizer que essa energia pode ser estocada, o que fará o acúmulo de gordura acontecer, inclusive, no fígado”, explica Paula.

Afinal, o que é gordura no fígado?

Trata-se de uma doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) ou esteatose hepática. “A DHGNA é uma condição em que há muita gordura acumulada no fígado. Se não tratada, pode levar a sérios problemas hepáticos como a esteato-hepatite não alcoólica (EHNA). Essa última é causada quando essa gordura extra se transforma em inflamação (inchaço no fígado) e fibrose (cicatrização) do fígado”, conceitua.

Quando é suficientemente grave, a condição pode levar à cirrose ou câncer de fígado, necessitando de um transplante do órgão.

Fígado corpo
O o fígado desenvolve uma série de funções em nosso organismo, como auxiliar a digestão das gorduras e armazenar algumas vitaminas e minerais

Paula menciona algumas causas para a doença, como ganho de peso, sedentarismo, resistência à insulina, genética e estilo de vida não saudável. Ao inflamar, o fígado pode evoluir com várias complicações como diabetes tipo 2, hepatite e até cirrose.

Como prevenir?

“Quanto mais grave a EHNA se torna, mais difícil é de gerir”, alerta a especialista. A quantidade de gordura no fígado pode ser reduzida através da nutrição, atividade física e de sono adequado. “Isso pode ajudar na DHGNA e na EHNA em todas as fases”, afirma ela.

Embora não existam terapias aprovadas, recomenda-se a modificação do estilo de vida por meio da nutrição e da atividade física, conforme Paula ensina a seguir:

  • Escolhas alimentares saudáveis limitando o tamanho das porções;
  • Ser fisicamente ativo;
  • Ler os rótulos nutricionais para encontrar gordura, açúcar e sódio ocultos;
  • Ter uma meta de cinco porções de frutas e legumes por dia;
  • Comer alimentos ricos em fibras, incluindo grãos integrais;
  • Usar azeite virgem extra como principal gordura adicionada;
  • Consumir peixe de duas a três vezes por semana;
  • Trocar bebidas açucaradas e refrigerantes por água ou bebidas com poucas calorias;
  • Afastar-se de comidas rápidas e fritos;
  • Evitar ácidos gordos saturados.

Veja, no infográfico abaixo, os alimentos que devem ser priorizados na dieta para gordura no fígado:

Alimentos dieta gordura fígado

No entanto, vale destacar que as gorduras que ingerimos também podem aumentar a gordura no fígado, da mesma forma as bebidas alcóolicas. “Toda caloria em excesso pode ser estocada em forma de gordura no fígado”, resume.

“Pratique 60 minutos de atividade física por dia. Não precisa de ser tudo ao mesmo tempo. Ande mais, faça exercícios, suba escadas sempre que possível”, sugere a médica.

Apesar de a genética influenciar nesse fator (pessoas que têm tendência a ter mais gordura no fígado que outras), a profissional reitera que o principal gatilho é, verdadeiramente, o estilo de vida não saudável.

Fígado
As gorduras que ingerimos também podem aumentar a gordura no fígado, da mesma forma as bebidas alcóolicas

A doença, conforme ela expõe, não é normal, mas, infelizmente, é muito frequente. “Mais de 75 milhões de pessoas somente nos EUA possuem essa condição”, justifica.

Quando e a quem recorrer?

De acordo com a endocrinologista, para diagnosticar essa condição, pode-se consultar com um clínico geral, endocrinologista ou gastroenterologista. “Mas como é algo muito frequente, qualquer médico pode fazer o diagnóstico e começar as orientações iniciais”, diz Paula.

A especialista comenta que nem sempre o paciente com gordura no fígado vai apresentar sintomas. “Nos quadros em que a gordura no fígado não está em altos níveis, ele provavelmente nem apresentará sinais da condição”, fala. Mas entre os indícios estão: dor no abdômen, barriga inchada, aumento do tamanho do fígado, dor de cabeça constante, cansaço, fraqueza e perda do apetite.

Paula destaca que, nos casos mais graves, o paciente com gordura no fígado pode apresentar icterícia, inchaço nas pernas e nos pés e hemorragias.

Gordura no fígado
Gordura no fígado

A médica declara que existem vários testes para diagnosticar a DHGNA/EHNA, que incluem historial clínico geral/exames, análises do sangue, testes de imagem como ultrassom de abdome ou ressonância de abdome e biópsia hepática.

Em relação aos remédios para essa doença, a endocrinologista afirma que ainda não há medicamentos aprovados para DHGNA/EHNA, mas existem vários em ensaios clínicos a serem testados para aprovação. “Nas fases iniciais, é possível impedi-la de progredir para danos graves ao fígado através da mudança no estilo de vida, concentrando-se na atividade física e nutrição”, frisa.

Chás milagrosos?

Acredita-se que chás, como o chá-verde, de alcachofra, cardo-mariano, alho com limão e gengibre com cacau e canela, podem combater a gordura no fígado. Entretanto, conforme a profissional fundamente, isso é mito. “Nenhuma substância isolada pode combater esse problema e sim a melhora do estilo de vida como um todo. Lembrando que chás e fitoterápicos em excesso podem ser tóxicos para o fígado e causar ainda mais lesões hepáticas”, assegura.

“Hoje pode-se considerar a gordura no fígado como uma condição metabólica crônica, complexa e de difícil tratamento pois está muito associada ao sobrepeso, obesidade e resistência à insulina. A cura virá se a pessoa realmente mudar o seu estilo de vida por completo”, entrega Paula Pires.

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