Surto de gripe: 61,8% dos casos graves são em menores de 2 anos no DF

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Com a chegada do outono, fatores climáticos têm contribuído para a maior disseminação de vírus respiratórios no Distrito Federal. Por ainda não possuírem sistema imunológico fortalecido e pelo maior contato com outras pessoas, as crianças são as principais acometidas pelas síndromes gripais.

De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), em 2023, quase 63 mil atendimentos relacionados a síndromes gripais foram prestados pela Atenção Primária à Saúde. Desse total, mais de 42% envolvem crianças até 14 anos. Entre os pacientes pediátricos, os bebês de dois a quatro anos são maioria.

A síndrome gripal é identificada quando um indivíduo apresenta febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e com início dos sintomas nos últimos sete dias.

De acordo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da SES-DF, até o início de março, 61,8% dos casos graves por vírus respiratórios foram registrados em crianças com menos de dois anos de idade.

Pediatra e coordenador da Emergência Pediátrica do Hospital Santa Lúcia, Alexandre Nikolay explica que a maior incidência da síndrome gripal ocorre nessa faixa etária devido a imaturidade imunológica da criança.

“Elas ainda apresentam um sistema imunológico em aprendizado. Conforme elas forem crescendo e entrando em contato com os mais diversos germes, construirão uma imunidade robusta. Além disso, nessa fase elas apresentam um calibre das vias aéreas menor, o que facilita a obstrução levando aos quadros graves”, esclarece Alexandre.

Nesse sábado (1º/4), o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), comentou sobre o surto de gripe em crianças. “Estamos vivendo período muito grave no Distrito Federal por conta desse surto da gripe que tem pego muitas crianças, principalmente. A gente já fez, via Secretaria de Saúde, contratação de várias unidades de tratamento intensivo para esse grupo das crianças que está sendo mais acometido por essa doença”, afirmou.

Um recém-nascido morreu e outras seis bebês foram internados com síndrome gripal, na última semana. Todas estavam no abrigo Padre Cícero, em Taguatinga, antes de serem levadas ao hospital.

O médico ressalta que o principal sinal de alerta para os pais é se a criança apresentar dificuldade em respirar. “Caso percebam um aumento exagerado na frequência da respiração ou uma retração torácica, com esforço para respirar, devem procurar imediatamente o pronto-socorro”.

Para os casos leves, a orientação da SES-DF é procurar uma das 175 UBSs da rede pública no DF. Nesses locais, trabalham as 616 equipes da Estratégia Saúde da Família.

Tanto por meio de médicos de família e de comunidade quanto de profissionais de enfermagem, as crianças recebem atendimento para os casos leves. Se houver indicação de eventual complexidade do quadro clínico, elas são encaminhadas.

Síndrome Respiratória Aguda Grave

Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) são aqueles em que o indivíduo hospitalizado há mais de 24 horas apresentou pelo menos um sinal ou sintoma gripal associado a pelo menos um sinal de gravidade. Para os óbitos por SRAG não há o critério de hospitalização maior que 24 horas.

Conforme dados da Subsecretaria de Vigilância à Saúde, nas primeiras nove semanas epidemiológicas de 2023, foram registrados 1.144 casos e 20 óbitos pela síndrome no DF.

Os casos de SRAG englobam os agentes etiológicos como Influenza, Covid-19, Vírus Sincicial Respiratório e outros vírus não especificados.

Desses, a faixa etária menores de 2 anos apresentou a maior proporção de casos de SRAG com 43,3% (495), seguido pelas crianças entre 2 e 10 anos (364), e idosos a partir dos 60 (173).

Distribuição dos casos de SRAG, por faixa etária, em 2023 no DF:

 

Em relação ao mesmo período de 2022, observa-se queda de 58,1% no número de casos (2.729) e decréscimo de 96,4% nos óbitos (558) por SRAG. Já em relação a 2021, verifica-se que os diagnósticos (4.830) caíram 76,3% e os óbitos 98,7% (1.499).

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde esclareceu que essa queda registrada nos primeiros meses deste ano deve-se à diminuição dos casos de Covid-19, que predominavam os diagnósticos de síndromes respiratórias nos anos anteriores.

“Em 2023, verificou-se uma queda nas notificações de casos de SRAG por SARS-CoV-2, sendo mais frequente os casos de SRAG por outros vírus respiratórios”, informou.

Distribuição dos casos de SRAG, por agente etiológico, em 2023 no DF:

 

Vacinação contra a gripe

Inicialmente prevista para começar em 10 de abril, a campanha de vacinação contra a gripe para as crianças de seis meses a cinco anos, 11 meses e 29 dias foi antecipada para a última sexta-feira (31/3).

A iniciativa é uma das medidas da SES-DF para conter o aumento no número de casos de doenças respiratórias que acometem as crianças. O Distrito Federal conta com 216.544 crianças nessa faixa etária.

“A vacina previne a infecção e, principalmente, as formas graves de gripe. Portanto, todas as crianças acima de 6 meses devem se vacinar”, reforça o pediatra Alexandre Nikolay.

Para se vacinar, é necessário apresentar documento de identificação da criança e o cartão de vacina. A campanha de vacinação ocorre em 130 unidades básicas de saúde (UBSs). Confira a lista: https://www.saude.df.gov.br/vacinacao-influenza.

 

 

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