Justiça Investiga Esportes da Sorte e Vai de Bet com Mandados de Prisão e Apreensão

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Na Série A do Campeonato Brasileiro, Corinthians, Grêmio, Athletico-PR e Bahia recebem investimentos da Esporte da Sorte

Nesta quarta-feira, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à Esporte da Sorte e à Vai de Bet

A Esportes da Sorte, plataforma de apostas online, é um dos alvos da operação “Integration,” que nesta quarta-feira (4) executou 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em seis estados, incluindo a prisão da influenciadora digital Deolane Bezerra.

A Polícia Civil de Pernambuco, responsável pela operação, não detalhou o funcionamento do esquema investigado, mas informou que foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves, e embarcações, além do bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões.

No local, joias e dinheiro foram apreendidos. A defesa de Darwin Henrique, representada pelo advogado Pedro Avelino, afirmou que o CEO estava em viagem a trabalho no momento da operação e que a empresa já havia se colocado à disposição das autoridades anteriormente.

A operação, que se estendeu por Recife, São Paulo, Paraíba, Paraná, Goiás e Minas Gerais, contou com a participação de 170 policiais, em colaboração com a Interpol.

Em uma coletiva, o chefe da polícia, Renato Rocha, explicou que o foco é uma organização criminosa envolvida na lavagem de dinheiro de jogos ilegais, sem dar detalhes sobre os jogos ou os envolvidos.

A Esportes da Sorte, empresa do ramo de apostas esportivas online, tem ampla atuação no mundo do futebol e patrocina clubes de diferentes divisões do Brasil. Na Série A do Campeonato Brasileiro, Corinthians, Grêmio, Athletico-PR e Bahia recebem investimentos da empresa. Nesta quarta-feira, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a essa casa de apostas e à Vai de Bet, que já foi patrocinadora do clube paulista. Ambas alegam que colaboram com a Justiça nas investigações.

O time feminino do Palmeiras também é patrocinado pela Esportes da Sorte. Além destes, a marca também apoia Ceará, da Série B, Náutico e ABC, da Série C, e Santa Cruz, da Série D. O patrocínio com o Corinthians foi assinado em julho, com um total de R$ 309 milhões por três anos de contrato. É o maior valor pago entre os oito clubes que a marca apoia. O acordo conta com cláusulas contratuais e não é dividido igualmente pelos três anos. Somando os demais clubes da Série A, a empresa desembolsa cerca de R$ 80 milhões anuais. Destes, somente o Grêmio não expõe a logo como patrocínio máster.

No Corinthians, a Esportes da Sorte se dispôs, inclusive, a bancar uma contratação de impacto. Um dos nomes com o qual o clube negocia é o holandês Memphis Depay. No contrato, cerca de R$ 57,5 milhões estariam à disposição da equipe, a qualquer momento, para bancar a vinda de qualquer jogador midiático.

A Esportes da Sorte chegou a manifestar o desejo de se tornar patrocinadora máster do Palmeiras, mas, após selar o acordo com rival alvinegro, deixou as negociações. O contrato com a equipe feminina vai até dezembro deste ano. Em julho, a reportagem apurou que ele seria cumprido até o fim, mesmo que a empresa também patrocinasse o Corinthians.

Outra empresa que foi alvo da investigação nesta quarta-feira é a Vai de Bet. A marca patrocinava o Corinthians, em acordo de R$ 370 milhões por três anos de contrato, mas rescindiu unilateralmente o contrato após escândalo de pagamentos a uma empresa laranja nas negociações.

Vai de Bet e Esportes da Sorte entraram recentemente com pedido para obter licença para atuar no Brasil e solicitaram a autorização para operar em território nacional junto à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF).

O QUE MANIFESTAM OS CLUBES PATROCINADOS

Em contato com a reportagem, o Corinthians comunicou que está acompanhado o caso pela imprensa e não tem nada a comentar no momento. O caso da patrocinadora foi encaminhado para o departamento jurídico do Palmeiras. Procurado, o clube alviverde também afirmou que não vai se manifestar.

Bahia e Grêmio não vão fazer comentários por enquanto e buscam entender o caso, assim como Náutico e Santa Cruz. ABC, Ceará e Athletico-PR foram procurados, mas não retornaram a reportagem até a sua publicação.

Nenhum dos oito clubes indicou a possibilidade de rescisão contratual até o momento. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também foi contatada, mas ainda não tem uma posição oficial sobre o caso.

O QUE DIZEM AS CASAS DE APOSTA

ESPORTES DA SORTE

“A empresa Esportes da Sorte informa que ainda não teve acesso à decisão judicial que autorizou busca e apreensão em sua sede. Contudo, ressalta que, desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos apresentados pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão – Advocacia Criminal.

As atividades de aposta de cotas fixas da empresa cumprem rigorosamente a Lei n.º 13.756/2018 e a Lei 14.790/2023, com excelência jurídico-regulatória, acompanhamento de auditoria independente e sistema de compliance.

A operação policial será impugnada perante o Juízo competente, demonstrando-se que houve interpretação precipitada e equivocada dos fatos apurados, sem qualquer análise ou consideração dos argumentos já apresentados. Tanto é assim que a autoridade policial não apreendeu qualquer objeto, documento ou equipamento na sede da empresa. A Esportes da Sorte, como sempre esteve, permanece à disposição das autoridades.”

VAI DE BET

“A Vai de Bet informa que acompanha a operação da Polícia Civil e que se colocará plenamente à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados quanto à atuação da empresa e de seus sócios. A marca, no entanto, ressalta que recebeu com surpresa o cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado nesta quarta-feira, uma vez que desde o ano passado se prontificou em contribuir com as investigações, tendo previamente indicado os endereços e contatos pertinentes.

As atividades da empresa até aqui são pautadas pelo estrito cumprimento da legislação vigente e já estão adequadas à regulação do setor para 2025. Ainda no mês de agosto, o Grupo BPX, empresa detentora da marca Vai de Bet, deu entrada no requerimento da licença junto ao governo federal para obtenção da outorga para atuação regularizada no Brasil a partir do início do próximo ano.”

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