Isolamento social faz Dia do Abraço ter outras demonstrações de afeto

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Na manhã do dia 10 de maio, Dirce Cavalheiro, de 80 anos, teve uma surpresa ao abrir o portão da casa onde mora. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

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Devido à pandemia e ao isolamento social, as relações humanas acabaram se tornando dependentes da tecnologia. Sejam laços de familiares, amigos e até namorados. Nesta sexta-feira (22), data em que é comemorado o Dia do Abraço, as pessoas demonstram que têm se reinventado para não deixar de lado o afeto, mesmo que ele não possa ser demonstrado fisicamente.

A psicóloga Ana Laura Schlieman, de 53 anos, reconhece que o abraço faz falta, mas não é a falta dele que deixará as pessoas sem maneiras de demonstrar carinho. Conforme ela, esse momento de pandemia faz com que as pessoas tenham de “codificar o que é emoção”.

Com a comunicação mediada pela tecnologia, o olho no olho e o toque perdem espaço. No entanto, pela internet, existem outras formas de se expressar: “Não precisamos só escrever ou falar, podemos vivenciar outras coisas”, conclui Ana Laura.

Sentimentos virtuais

De acordo com a psicóloga, é possível expressar-se por meio de músicas, vídeos no YouTube que falem sobre determinado tema e até os famosos “emojis”, as carinhas com expressões faciais dos teclados virtuais.

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A psicóloga também explica que as pessoas passaram a encontrar novas formas de amar umas às outras. “Muitos grupos de WhatsApp se formaram com pessoas que se mobilizaram para dar comida a outras pessoas”, diz Ana.

Pelo fato de estar longe de quem se ama, ela afirma que é preciso reaprender a lidar com os sentimentos: “Manifestações que antes não percebíamos”, explica.

“Ter de concretizar sentimentos em palavras, gestos e até em falas, é uma maneira de prestar mais atenção nos detalhes”, comenta a psicóloga.

Ainda, segundo Ana Laura, as novas maneiras de expressar-se são importantes, já que “estamos em uma fase da pandemia onde começamos a ficar carentes de afeto”.

Home office

Com as rotinas sem muitas delimitações, grande parte da população tende a permanecer em casa, trabalhando por dispositivos móveis e estudando à distância. Logo, o contato com outras pessoas diminui.

A psicóloga Ana Laura Schlieman afirma que é preciso reaprender a lidar com os sentimentos. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

 

As idas ao mercado acontecem quando necessárias, mesmo que rápidas, o coração ainda inquieto e preocupado. Comércios fechados e encontros cancelados.

A pandemia mudou o dia a dia do ser humano, que tem a necessidade do toque físico, como afirma a psicóloga. “Portanto, com essas diferentes demonstrações afetivas, videochamadas e serenatas realizadas, principalmente no Dias das Mães, nós percebemos que não estamos sozinhos”, observa.

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Um dia especial

Por falar no Dia das Mães, a família de Dirce Cavalheiro, de 80 anos, é uma das que prestou homenagem de maneira diferente do habitual.

Com a clássica trilha de Roberto Carlos, “Como é grande o meu amor por você”, cantada pela filha, netas e bisnetas, dona Dirce teve uma surpresa ao abrir o portão da casa onde mora. Na manhã do dia 10 de maio, os parentes decidiram fazer o dia dela mais especial, mesmo sem poder tocá-la, devido ao distanciamento social. Uma das bisnetas, Júlia Sabioni, de 20 anos, conta que a família fez um grupo no WhatsApp para planejar o Dia das Mães para a bisa.

Distribuída em três carros diferentes, a família de Júlia foi até à casa da bisa. “A minha prima ligou pra bisa e pediu pra ela sair no portão da casa onde mora”, conta Júlia.

Com passos lentos, logo depois de destrancar o portão e sair na calçada, dona Dirce começou a ouvir as vozes em sincronia da família cantando para ela. Pausada pelas risadas e sorrisos, a música conseguiu transmitir à bisa o amor da família.

“Escrevi Feliz Dia das Mães em algumas folhas pro pessoal segurar enquanto cantava”, explica Júlia. Além dos cartazes e da melodia cheia de amor, a bisneta ainda contou que a família encheu algumas bexigas e também levou para a bisa.

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A família, que estava acostumada a se reunir todos os finais de semana, teve de mudar de hábito. Júlia disse que nunca tinha realizado chamadas de vídeo com a avó, tias e a bisa. Mas todas se adaptaram rapidamente.

Nova vida em meio à pandemia

A vídeo chamada também fez parte de um momento único na vida da professora Patrícia Ribeiro, de 34 anos. Há quase dois meses, Patrícia descobriu que gerava outra vida dentro dela. No entanto, tinha em mente que não poderia reunir a família para poder dar a grande notícia devido ao isolamento social, usado como prevenção ao novo coronavírus.

A professora e o companheiro, Vinícius Nunes, decidiram compartilhar esse momento por meio de uma videochamada no dia 28 de abril. Reuniram os pais e cunhadas em uma videoconferência, cada um em sua casa, sem poder se encontrar.

“Nós queríamos ver a reação dos nossos pais”, conta Patrícia. “A minha sogra pulou de alegria”, complementa. Por meio da tecnologia, Patrícia, Vinícius e suas famílias conseguiram sentir-se mais próximos uns dos outros e viver um dos momentos mais importantes da vida do casal. (Supervisão: Daniela Jacinto)






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