As notícias e dados relativos à pandemia no Brasil voltaram a ser preocupantes. São Paulo e Goiás, entre outros Estados, vêm apresentando as maiores altas de ocupação de leitos. De acordo com o comitê de saúde, o aumento está relacionado à maior permanência dos pacientes na UTI.
O Estado de SP registrou ontem (22), 6.410 pacientes em Unidades de Terapia Intensiva. O total é o segundo maior desde o início da pandemia, superado apenas pelo dia 5 de julho de 2020, com 6.416 pacientes.
E pode até ser o maior já que o próprio governo anunciou que o número de 5 de julho está distorcido. Seria, portanto, o maior índice de ocupação. Independentemente de maior ou não, a questão é que atravessamos mais um período turbulento desse voo complicado que teve início em março de 2020 e não tem data para terminar.
Evidentemente, é muito complexo encontrar o equilíbrio ideal entre controlar o número de internações/contaminados e a flexibilização necessária para manter negócios abertos e a economia girando — para não causar uma tragédia social ainda maior. É o tal do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Portanto, é perfeitamente compreensível que ajustes sejam feitos quase que diariamente. É o que vai acontecer em São Paulo. Apesar de o 22º balanço do Plano SP — estratégia de combate à pandemia — ter entrado em vigor ontem, o governo avisou que irá fazer uma nova classificação já amanhã (24).
O último balanço havia flexibilizado algumas regiões, entre elas a de Sorocaba, que avançou da fase laranja para a fase amarela. As novas restrições, que devem começar a valer a partir de sexta (26), podem ir além da classificação usada pelo Plano SP, que divide o Estado em sub-regiões e determina diferentes restrições de acordo com a situação em cada área.
Apesar de não ter sido citada, uma das outras causas desse aumento nas UTIs pode ser o alcance e a quantidade de novas cepas do vírus que começam a se espalhar não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Um dos principais exemplos é Araraquara, também no interior de São Paulo.
Diante do número de casos e da ocupação hospitalar, sobretudo entre pacientes mais jovens, a cidade teve de decretar um lockdown de 60 horas de duração, com proibição de circulação nas ruas e até do funcionamento de serviços essenciais.
Com cerca de 240 mil habitantes, Araraquara tenta evitar a circulação do vírus e um colapso do sistema de saúde local. O alerta também chegou a pelo menos outras duas importantes cidades do Estado.
Em Campinas, o prefeito anunciou que o município vai adotar a fase vermelha entre 21h e 5h, de hoje (23) a 1º de março. A decisão foi tomada a partir do aumento nos índices epidemiológicos. Durante este horário, apenas serviços essenciais estão autorizados a funcionar.
Já a Prefeitura de São Bernardo do Campo (ABC) anunciou que irá decretar toque de recolher a partir de sábado (27), entre 22h e 5h. O Consórcio Intermunicipal Grande ABC ainda irá se reunir para decidir se as demais cidades da região (Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) também adotarão toque de recolher.
Enquanto as variantes causam esse novo tormento, na outra ponta do processo — a da vacinação — o Brasil segue andando a passos de tartaruga. Como ficamos para trás no planejamento mundial da imunização, seguimos sem qualquer previsão mais concreta do plano de vacinação. Nem de poder medir quaisquer melhorias advindas das vacinas.
Um contraponto à situação brasileira já pode ser vista no Reino Unido. Lá, um misto de vacinação em larga escala com isolamento social já começa a fazer efeito. O Reino Unido já vacinou quase 18 milhões de habitantes e colhe os primeiros frutos, com queda expressiva do número de internados.
Todas essas notícias reforçam apenas uma coisa: enquanto a vacina não chegar em uma escala minimamente razoável, precisamos seguir batendo na tecla da prevenção e dos cuidados básicos, como uso permanente de máscaras e de álcool em gel, frequência na lavagem das mãos, evitar aglomerações e se precaver. A gente agradece. Afinal, estamos todos no mesmo barco.
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