Robério se manifesta sobre operação: “Mentirosos serão desmascarados”

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    Após ser alvo de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça nesta quinta-feira (04/07/2019), o deputado distrital Robério Negreiros (PSD) divulgou nota na qual diz que a “verdade será restabelecida”. “Entendemos as ações de hoje como naturais em um regime democrático e sobre o império das leis. Temos certeza que sairemos fortalecidos no final do processo, quando a verdade será restabelecida, e os covardes denuncistas e mentirosos, desmascarados”, pontuou.

    A operação foi deflagrada pela manhã. Integrantes da Procuradoria-Geral de Justiça e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), com apoio da Polícia Civil, estiveram no gabinete de Robério Negreiros na Câmara Legislativa, nas salas da Segunda Secretaria, comandada pelo parlamentar, na Diretoria Legislativa e em uma empresa ligada a ele.

    O servidor Arlécio Alexandre Gazal também está na mira da investigação e há mandados contra ele. A operação, batizada de Absentia (que em latim significa em ausência), faz parte de Procedimento de Investigação Criminal (PIC) instaurado pelo MPDFT. Há suspeitas de que Robério teria fraudado mais de 50 listas de ponto com a ajuda de Arlécio, e praticado os crimes de peculato e de falsidade ideológica.

    O parlamentar passou a ser investigado pelo MPDFT e pela PCDF após denúncias de que teria fraudado a folha de ponto em pelo menos quatro ocasiões, quando ele estava fora do país. No mês passado, a polícia abriu um inquérito para investigar o parlamentar.  O caso está sob responsabilidade da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor), que participa da operação de hoje. O inquérito corre em sigilo.

    Ainda assim, a Mesa Diretora arquivou o pedido de cassação de Negreiros. Sobre a operação realizada nas dependências da Câmara Legislativa, a presidência da Casa informou, também por meio de nota, que o MP, com o apoio de agentes da Polícia Civil, analisou vários documentos e levou cópias daqueles que considerou relevantes.

    “A Câmara Legislativa forneceu todas as informações solicitadas e está colaborando com o Ministério Público, com a Polícia Civil e com o Tribunal de Contas desde o início das investigações, e aguarda a conclusão das apurações para adotar as medidas cabíveis no âmbito da Poder Legislativo”, assinalou.

    Confira imagens da operação do MPDFT na Câmara Legislativa:


     

     

    O Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) também recebeu a denúncia contra o distrital.  As assinaturas no ponto teriam ocorrido nos dias 6, 7, 8, 13 e 14 de novembro de 2018, quando o deputado estava em viagem pelos Estados Unidos. Segundo a acusação, a ausência do deputado pode ser comprovada pelas redes sociais, em postagens feitas por ele, amigos e familiares (veja abaixo).

    O Metrópoles teve acesso à denúncia encaminhada ao órgão de controle. Segundo a acusação, na primeira quinzena de novembro de 2018, Robério Negreiros viajou com a família para Orlando. As fotos anexadas ao caso registrariam a família em restaurantes no local.

    À denúncia também foram juntadas as notas taquigráficas e as imagens da íntegra das sessões. Além disso, o documento contém os atos da Mesa Diretora de nº 76 ao 86, assinados pelos demais membros da Mesa, entre 7 e 13 de novembro, publicados sem a assinatura do parlamentar. Por fim, o demonstrativo da folha de pagamento no site da CLDF comprovaria que Robério recebeu remuneração integral no período.


     

     

    A responsabilidade de aferir o ponto dos distritais é da Diretoria Legislativa, ligada ao Gabinete da Mesa Diretora (GMD). Todos os dias de sessão (terças, quartas e quintas), os deputados precisam ir ao plenário para assinar a folha.

    Caso não compareçam, eles podem explicar as ausências à diretoria, que submete a justificativa à Mesa Diretora. O colegiado é formado por cinco distritais, entre eles o próprio Robério, que é o segundo-secretário da Casa. As faltas sem justificativas podem resultar no corte do ponto e em descontos nos salários dos deputados distritais.

    O parlamentar ainda não se pronunciou sobre a operação desta quinta. Mas disse anteriormente que não agiu de má-fé na assinatura da folha quando estava fora do país. Procurada pela reportagem, a Assessoria de Imprensa do MPDFT afirmou que não pode passar qualquer informação pois o caso está em sigilo.

    Eleições

    O parlamentar também é alvo de outra investigação no MP.  O órgão analisa denúncia sobre suposto uso de servidores da Câmara Legislativa (CLDF) na campanha eleitoral de 2018 pelo deputado distrital. O caso é apurado pela 11ª Promotoria de Justiça Eleitoral.

    Fotos e áudio mostram empregadas supostamente trabalhando, dentro do gabinete, na confecção de crachás que seriam utilizados por fiscais e delegados eleitorais. A identificação contém a frase “Unidos pelo DF”, nome da coligação na qual o distrital concorreu à reeleição.

    No áudio, uma das funcionárias diz que o deputado pediu “maior número de pessoas do gabinete para ser fiscal ou delegado”. “Kaká, faz um favor? Coloca lá no grupo do gabinete que vocês têm. O deputado pediu para eu fazer isso: quem ainda não mandou o nome, que não colocou nessa lista, ele pediu para ver o maior número de pessoas do gabinete para ser fiscal ou delegado”, afirma.

    “Quem não tiver mandado, pede para mandar no e-mail que vou colocar aqui embaixo. É mais fácil colocar naquele grupo”, acrescentou.

    Ouça o áudio:

     

    Veja fotos:


     

    A Lei das Eleições, nº 9.504/1997, proíbe os agentes públicos de ceder ou usar, em benefício de candidato, bens móveis ou imóveis que pertencem à administração, a não ser que seja em convenção partidária. Também é vedada a cessão de servidor público ou empregado da administração direta ou indireta, ou usar os serviços dele, para comitês de campanha eleitoral de candidato durante o horário de expediente normal.

    Em nota, Robério atribuiu a denúncia a uma “ex-assessora de gabinete exonerada ainda no ano passado”. “O assunto não se refere a nenhum ato de propaganda eleitoral ilegal. Apenas foram recebidos, em meu gabinete, crachás da coligação do partido que eu era líder na Casa”, pontuou.

     

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