“Médicos pelo Brasil: como funcionará o programa de Bolsonaro que substitui o Mais Médicos”

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(Brasília - DF, 01/08/2019) Cerimo?nia de Lanc?amento do Programa Me?dicos pelo Brasil. rFoto: Marcos Corrêa/PR

“Com o objetivo de levar médicos para as regiões mais remotas e carentes do país, o governo de Jair Bolsonaro lançou nesta quinta-feira (1) o programa Médicos pelo Brasil, que substitui o Mais Médicos, uma das marcas da gestão de Dilma Rousseff (PT). O novo programa foi criado medida provisória assinada por Bolsonaro no Palácio do Planalto, durante cerimônia que contou com a presença de outras autoridades.

As principais novidades do Médicos pelo Brasil são o aumento do número de profissionais que vão trabalhar no programa, a elevação da remuneração dos médicos e a criação de uma carreira de Estado para essa função. Pela formatação do novo programa, não haverá espaço para os médicos cubanos que ficaram no Brasil – a não ser que eles consigam validar seu diploma no país.

A substituição do Mais Médicos pelo Médicos pelo Brasil será gradual. O governo pretende criar 18 mil vagas – uma ampliação de 7 mil postos de trabalho em relação ao modelo que está sendo substituído.

A estratégia é priorizar os municípios onde há os maiores vazios assistenciais. Das 18 mil vagas previstas, pelo menos 13 mil serão direcionadas para essas cidades. O Norte e o Nordeste também serão priorizadas: 55% dos profissionais serão destinados a essas regiões.

O Ministério da Saúde não informou quantos médicos serão contratados na primeira etapa do novo programa, e nem quando espera que ela comece. Enquanto os novos profissionais não são contratados, aqueles que já fazem parte do Mais Médicos vão continuar a trabalhar, pois eles têm contratos de até três anos. O governo vai avaliar se esses médicos poderão ser reaproveitados no novo programa ou se terão de passar pelo processo seletivo do Médicos pelo Brasil, como todos os demais interessados.”
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“Como será a seleção dos médicos e quanto eles vão ganhar
Os médicos serão selecionados por um processo seletivo eliminatório e classificatório. O Ministério da Saúde vai criar uma instituição (um serviço social autônomo) apenas para organizar as provas e ser responsável pela contratação dos profissionais.

O tempo mínimo de permanência no programa é de dois anos. Ao longo desse período, o médico terá de fazer um curso de especialização ofertado pelo Ministério da Saúde.

Nesse período, eles vão receber R$ 12 mil mensais líquidos, com gratificação de R$ 3 mil adicionais para locais remotos (rurais e intermediários) e R$ 6 mil para localidades ribeirinhas e fluviais.

Se aprovados no curso de especialização, esses médicos poderão ser contratados por meio da CLT e permanecer na unidade de saúde em que fizeram a formação.

“Todos os médicos que entrarem nesse programa terão, por dois anos, a especialização em família e comunidade. Ele [o médico] só será efetivado se tiver essa especialização”, explicou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Se não fizer [a especialização], a gente deixa… Faz de novo com outro profissional, até termos o melhor time de médicos especialistas em atenção primária do mundo.”

Uma das principais novidades do Médicos pelo Brasil é justamente que os profissionais serão contratados pela CLT – hoje, são celebrados contratos temporários de até três anos.

Os médicos efetivados no programa terão quatro níveis salariais, com progressão a cada três anos. Além disso, haverá uma gratificação por desempenho vinculada ao cumprimento de indicadores de qualidade de atendimento e satisfação das pessoas atendidas. Esse adicional pode variar entre 11% e 30% do salário.

O salário dos médicos efetivados no programa começará em R$ 14 mil e, gradativamente, pode alcançar R$ 31 mil – considerando os acréscimos máximos de gratificação por desempenho e localidade.

Esses valores representam um aumento no salário em relação ao Mais Médicos. Pelo programa lançado por Dilma, cada profissional recebia R$ 11,8 mil.

Haverá duas funções básicas no programa: “médicos de família e comunidade” e “tutor médico”. Para a primeira função, de “médicos de família e comunidade”, os profissionais precisam ter registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Eles serão alocados em unidades de saúde previamente definidas pelo ministério.

Para a função de “tutor médico”, serão selecionados especialistas em medicina da família ou clínica médica com registro no CRM. Esses profissionais ficarão responsáveis pelo atendimento à população na unidade de saúde designada e também pela supervisão dos demais médicos.

O que será dos médicos cubanos
O presidente Bolsonaro já dava sinais de que mudaria as regras do programa antes mesmo de tomar posse, quando criticou a contratação de profissionais cubanos, o que ocasionou um rompimento unilateral por parte da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), responsável pelo contrato.

O governo estima que cerca de 1,8 mil médicos cubanos permaneceram no Brasil mesmo após o fim do convênio com a Opas. A incorporação desses profissionais não está prevista no Médicos pelo Brasil.

No entanto, uma portaria publicada nesta semana pelos ministérios da Justiça e Relações Exteriores regulamentou a residência de cubanos que integraram o Mais Médicos. Eles podem apresentar o requerimento de autorização de residência no Brasil para a Polícia Federal. Mas, para poder exercer sua profissão, terão de fazer o Revalida – o exame que demonstra que sua formação é compatível com o nível dos profissionais que cursam Medicina no Brasil.

Durante a solenidade de lançamento do Médicos pelo Brasil, Bolsonaro também criticou os profissionais cubanos que trabalharam no Mais Médicos e o PT, que lançou o programa.

“Se os cubanos fossem tão bons assim, teriam salvado a vida de Hugo Chavez [ex-presidente venezuela que morreu de câncer]. Se os cubanos fossem tão bom assim, Dilma e Lula teriam no Planalto, para atendê-los, cubanos, e não brasileiros”, disse Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda que havia um plano pra implantação de um núcleo de guerrilha no Brasil a partir do Mais Médicos. Ou seja, de que parte dos cubanos, na verdade, seria formada por agentes infiltrados da ditadura comunista da ilha caribenha. E disse ainda que o Mais Médicos desrespeitava os direitos humanos ao deixar os cubanos longe se suas famílias

Carreira de médico de Estado
“O presidente [Bolsonaro] cumpriu a promessa de campanha e cria a carreira de Estado de médico no Brasil”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Em discurso, Bolsonaro também destacou esse mesmo aspecto e disse que ele foi o primeiro presidente a criar a carreira de médicos públicos no país.

Após a solenidade, o ministro Mandetta falou com a imprensa e destacou ainda três pontos que considera como os diferenciais do programa: meritocracia, valorização e vínculo.

A meritocracia diz respeito aos critérios de escolha dos médicos para as unidades de saúde em que pretendem trabalhar. A valorização é pelo aumento do salário e pagamento de verbas extras, na forma de bônus. Já o vínculo é pela contratação via CLT, e não em um sistema de bolsa precário. “São coisas que foram retiradas de trabalhadores que estavam no programa anterior. Tinha um governo entre eles e seus salários”, cutucou.

Mandetta também assegurou que não vai faltar verba para o Médicos pelo Brasil. “Nós temos já esse dinheiro dentro do orçamento que é desse programa que está em curso desde 2013 [Mais Médicos]. Todo o recurso desse programa vai para o programa novo”, disse Mandetta.

O Ministério da Saúde informou que o Médicos pelo Brasil não vai ultrapassar o valor atual do Mais Médicos, que é de R$ 3,4 bilhões anuais. Esse montante deve ser mantido por três ou quatro anos. Após isso, por causa das progressões na carreira, é provável que o orçamento tenha de ser reajustado.”
fonte: gazeta do Povo

 

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