Adesão de policiais a bolsonarismo radical nas redes sobe 24% em um ano

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Um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que a presença de profissionais das forças de segurança federais, estaduais e distritais em redes bolsonaristas aumentou quatro pontos percentuais (27%) entre 2020 e 2021, de 17% deles para 21%. Já os que interagem nas redes em ambientes bolsonaristas radicais, onde circulam ideias antidemocráticas, como pedidos pelo fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), também cresceram em quatro pontos percentuais (24%), de 13% deles em 2020 para 17% este ano.

“Se todos os policiais militares, civis e federais tivessem perfis no Facebook e Instagram, os percentuais da pesquisa seriam proporcionais a 209.062 profissionais dessas corporações que estão interagindo em ambientes bolsonaristas. Desses, 116.094 em ambientes radicalizados que advogam atos antidemocráticos”, explica o sociólogo Renato Sérgio de Lima, que preside o FBSP.

O especialista avalia que a intensificação da radicalização não acontece apenas entre os membros de forças de segurança, e é uma resposta à postura cada vez mais extremada do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Não é algo específico dos policiais, porque essa radicalização tem acontecido em várias esferas da do cotidiano da política”, afirma ele.

Veja os números da pesquisa detalhados por forças e no geral:


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Estratégia eleitoral

Lima afirma que, além de Bolsonaro, outras lideranças políticas ligadas aos policiais têm interesse em incentivar a radicalização para buscar frutos eleitorais no ano que vem.

“Representantes como a [deputada deferal] Carla Zambelli têm interesse em colocar fogo no debate, porque eles sabem que, se o Senado não avançar com a reforma eleitoral e a proposta que recria as coligações, eles vão precisar de muitos votos para se eleger e não vão contar com puxadores do tipo Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, que juntos tiveram quase três milhões de votos em São Paulo”, analisa. “Todos os os egressos das polícias que queiram andar no campo bolsonarista estão tendo que radicalizar o discurso para ficar em evidência”, completa.


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Preocupação para 7 de Setembro

A parcela de policiais que flerta com ideias antidemocráticas virou tema de preocupação para especialistas e políticos por causa da adesão de profissionais das forças de segurança aos atos que o presidente Jair Bolsonaro está convocando para o próximo dia 7 de Setembro e que têm o Poder Judiciário como alvo.

Essa adesão ficou explícita com episódios como a defesa, pelo presidente da maior associação nacional de representação de policiais militares, da participação dos servidores nas manifestações, desde que “desarmados e à paisana” e a convocação feita por um agora ex-comandante de tropas da PM em São Paulo.

A preocupação é mostrada pelo governador paulista João Doria (PSDB), por exemplo, que disse nesta quarta-feira (1/9) ter orientado a Polícia Militar a revistar todos os presentes nas manifestações marcadas para 7 de setembro em São Paulo, tanto a favor quanto contra o presidente Jair Bolsonaro. Doria disse que não será permitido “qualquer tipo de armamento, mesmo de policiais aposentados”.

Os atos contarão com o reforço de 5 mil policiais em Brasília. As equipes atuarão na preservação da ordem e na proteção de prédios e instalações públicas, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). O efetivo foi confirmado ao Metrópoles pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

Sobre a pesquisa

Para fazer a análise, foram coletados dados sobre efetivos policiais no Portal da Transparência do Governo Federal e nos seus congêneres estaduais e do DF. Após delimitação dos tamanhos dos efetivos das corporações, foi extraída uma amostra estatisticamente representativa de 651 usuários no Facebook e Instagram com cargos em instituições de polícia, garantindo, segundo os pesquisadores, um nível de confiança de 95% e 3% de margem de erro em relação ao universo extraído dos portais.

Ao mapear as atividades de 651 profissionais de segurança nas redes, observou-se a presença daqueles que interagem em ambientes bolsonaristas entre os meses de janeiro e agosto de 2021, que foram agrupados em radicais e orgânicos.

A pesquisa só coletou dados de páginas públicas e não entrou em perfis privados. Em respeito à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dado), todos os dados foram agregados e anonimizados, de modo que nenhuma análise individualizada possa ser feita.

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