UnB: 44% dos casos de suicídio no DF estão ligados ao álcool e drogas

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Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) relacionou o uso de álcool e outras drogas aos casos de suicídio registrados no DF entre 2005 e 2014. De acordo com a pesquisa, cerca de 44% de casos fatais contaram com a ingestão de bebidas alcoólicas ou outras substâncias psicoativas. Quando há uso de drogas, 70% recorreu ao álcool antes de cometer o ato.

“O álcool é uma substância barata e de fácil acesso, além de encorajar o ato na medida que diminui a capacidade de julgamento e incentiva uma pessoa que já tem ideações suicidas“, explica a professora Andrea Donatti Gallassi, coordenadora da pesquisa e responsável pelo Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Faculdade de Ceilândia (FCE) da UnB. O artigo foi publicado na revista científica internacional BMC Psychiatry no dia 14/7.

A pesquisa demonstra, ainda, que pessoas com vício em substâncias psicoativas têm cerca de duas vezes mais chance de cometerem suicídio do que indivíduos não dependentes de drogas. Essa proporção é ainda maior do que quando o suicídio é motivado por crimes passionais ou como consequência de transtornos mentais, que foram de 28% e 21% dos casos analisados, respectivamente.

Apesar de o uso de drogas não ser considerado o maior fator de risco para tentativas desse tipo de auto violência, a pesquisadora ressalta que elas podem potencializar eventuais consumações do ato devido à impulsividade e à falta de juízo crítico que proporcionam ao indivíduo. Isso é ainda mais notável quando o álcool é associado a outra substância, como é o caso da cocaína, presente em 56% dos casos onde houve uso de outra droga além das bebidas alcoólicas.

Homens são principais vítimas

Outra descoberta da pesquisa foi que pessoas que já tinham tentado o suicídio outras vezes são menos propensas a utilizarem substâncias psicoativas antes de consumarem esse tipo de agressão. Andrea explica que “nesses casos, o ato já é consolidado e não precisa desse gatilho proporcionado pelas drogas. Já é um caminho conhecido pela vítima”.

As relações de gênero também são notáveis na conclusão do estudo: de 344 casos onde houve ingestão de substâncias psicoativas antes do suicídio, 288 eram de homens.

A pesquisadora aponta que esse dado reflete a necessidade de implementação de políticas públicas focadas no sexo masculino. “Os homens são mais suscetíveis ao suicídio porque não costumam procurar ajuda, seja das pessoas ao seu redor ou de profissionais da saúde. As mulheres costumam lidar melhor com o sofrimento e procuram atendimento, enquanto os homens têm medo de serem tidos como fracos”, ensina Andrea.

Metodologia

Os dados coletados foram obtidos por meio de entrevistas de policiais civis com familiares e de procedimentos laboratoriais realizados por peritos criminais, que detectaram a presença das substâncias no corpo das vítimas.

No Distrito Federal, todos os casos consumados de suicídio devem passar por exame toxicológico. Entretanto, quando a vítima é resgatada ainda com vida e morre no hospital, a análise não é realizada. Assim, dos 1.088 óbitos por esse tipo de violência durante o período estudado, apenas 780 foram submetidos ao exame.

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