Pandemia de Covid ainda é ameaça para a vida de imunossuprimidos

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Os números atuais da pandemia da Covid-19 mostram o pior momento já passou. A cada semana, menos pessoas morrem pela infecção do coronavírus em todo o mundo e a Organização Mundial da Saúde (OMS) começa a discutir a possibilidade de decretar o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). No entanto, para o grupo dos imunossuprimidos, o Sars-CoV-2 ainda é uma ameaça à vida.

O comprometimento do sistema imunológico causado por outras doenças ou mesmo pelo tratamento oncológico aumenta o risco desses pacientes desenvolverem a forma grave da doença ou passarem um longo período com o vírus ativo no organismo. O gestor de TI no setor público Gerson Batista Pereira, de 69 anos, passou por isso recentemente.

Pereira estava nos últimos seis meses de quimioterapia contra um linfoma quando foi diagnosticado com Covid-19, em junho deste ano. Complicações da infecção fizeram com que ele fosse internado três vezes entre junho e agosto, totalizando 40 dias de hospital, com passagem pela unidade de terapia intensiva (UTI).

“Durante a internação, me ocorreu a ideia da morte. Daí, pensei que tinha trabalhado a vida toda e estava prestes a me aposentar, não seria justo perder a oportunidade de aproveitar um pouco a vida”, lembra.

Ele conta que, no início, os sintomas se assemelhavam a uma gripe, com dor de garganta e indisposição. Uma semana depois, o quadro se agravou, impossibilitando o funcionário público de seguir com o trabalho remoto.

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Uma tomografia mostrou que Gerson tinha aproximadamente 25% dos pulmões comprometidos. A essa altura, o gestor de TI sentia cansaço extremo, fraqueza muscular e falta de apetite. A complicação do quadro o levou à primeira internação. “Essa foi a mais rápida. Respondi bem aos medicamentos e recebi alta”, disse.

O tratamento com corticoide por tempo prolongado e outros imunossupressores – importantes para controlar a inflamação dos pulmões – melhorou significativamente a infecção pelo coronavírus, mas abriu espaço para a infecção por dois fungos. Uma semana depois, a febre voltou e ele precisou ser internado novamente.

Semanas depois, os sintomas voltaram e Pereira passou outros 30 dias internado. Há um mês, ele recebeu alta novamente e se recupera em casa.

A infecção e os efeitos colaterais dos medicamentos usados durante o tratamento deixaram algumas sequelas no gestor de TI, como o comprometimento de 50% dos pulmões, o desenvolvimento de diabetes medicamentosa, alterações no fígado, arritmia cardíaca e síndrome do pé caído, que dificulta sua locomoção.

Pereira sofreu também uma atrofia dos músculos da perna, resultado do longo período que passou deitado no hospital. “Os remédios sobrecarregaram o meu organismo”, lamenta o paciente.

Risco aumentado

A oncologista Marta Mariana, do Sírio-Libanês Brasília, explica que, em pessoas saudáveis, o ciclo natural da infecção do coronavírus é mais curto, dura de sete a dez dias. Nos pacientes imunossuprimidos, a capacidade de derrotar o vírus é enfraquecida e ele segue se replicando no organismo do paciente por semanas e até mesmo meses.

“A infecção pode durar muito tempo nos pacientes com o sistema imunológico debilitado. Algumas publicações mostram casos nos quais o vírus ficou se replicando por mais de um ano”, explica a médica.

O médico infectologista e professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, Esper Kallás, conta que a multiplicação viral por um período prolongado em pessoas imunossuprimidas tem ainda uma consequência alarmante.

Em pacientes mais frágeis, o vírus ganha mais tempo para acumular mutações. “Essas mutações podem fazer com que os remédios disponíveis comecem a perder eficácia e o vírus ganhe resistência, o que pode ser o berço para o aparecimento de novas variantes“, explica Kallás.

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