Humoristas defendem tom “politicamente correto” de Rir Para Não Chorar

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O filme Rir Para Não Chorar chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20/10). Entre humor e drama, o longa conta a história de Flávio (Rafael Cortez), um comediante stand-up que perde a mãe por conta do câncer. Durante o filme, entretanto, o personagem vai aprendendo a viver com o luto e passa a fazer piada com a doença.

Durante a coletiva de imprensa do filme, Mariana Xavier, Renato Albani, Oscar Filho e Catarina Abdalla, Cibele Amaral (diretora do filme) e Patrick de Jongh (produtor) conversaram sobre o limite do humor e a posição do filme nesta polêmica discussão.

“A gente tenta, porque eu acho que o mundo vai mudando, esse processo de desconstrução dos nossos preconceitos e um monte de coisa que a gente trouxe, e veio fazendo errado ao longo de muitas gerações. Isso vai mudando e a gente vai aprendendo. É preciso ter abertura para ouvir a crítica, se reinventar. Eu gosto muito da mistura dos estilos (drama e comédia)”, contou Mariana.

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Relação com o público

A atriz está em cartaz com um espetáculo de comédia que fala de temas sensíveis e utilizou a peça para explicar mais sobre o assunto. “Tive que ter muito cuidado nisso para encontrar esse tom, porque eu acredito muito na comédia, não só como entretenimento, mas como uma ferramenta poderosíssima de fazer crítica, de gerar reflexão. Eu acho que através do riso, você desarma o espectador para que ele receba a mensagem sem tanta defesa”, completou.

“Eu sou absolutamente contra esse discurso de que não se pode fazer nada, eu acho que quem se prende nesse tipo de discurso, de que não pode fazer piada de nada, no fundo, não acredita na própria capacidade de se reinventar e escrever novas piadas”, explicitou Mariana Xavier.

Comediante, Renato Albani falou sobre a sua percepção sobre o tema. “Óbvio que o limite é muito importante, às vezes a gente está andando em uma corda bamba entre a piada e a ofensa e o que faz a gente profissional é saber lidar. Mas acredito que todos os assuntos podem ser contemplados como piada, não todas as formas desse assunto, aí a dificuldade e o prazer da profissão”, explicou.

O humorista relembrou quando fez uma piada, nada pesada, segundo ele, mas que causou uma reação de uma pessoa que estava com câncer. “Ela me agradeceu, porque, geralmente, as pessoas olham para ela com cara de dó. Quando eu fiz a piada, ela falou ‘esse cara não teve dó, ele foi lá e fez a piada, assim como ele fez uma piada de coisas que aconteceram na vida dele’. Eu tratei normal”, disse.

Politicamente correto

Cibele Amaral, brasiliense e diretora do filme, explicou que é uma superdefensora do politicamente correto. “Foi um desafio, porque o meu protagonista foi um cara que aprendeu, ele tem uma jornada de aprendizado. Ele começa o filme no meio de uma galera que fazia piada de tudo e ele fazia isso também. E o que ele aprende no final do filme, é não fazer piada de tudo. A trama passa justamente essa mensagem e inclusive está até no trailer: ‘Por que não faz piada de magro, branco, hétero? Aprende a fazer piada diferente’”, apontou.

Rir Para Não Chorar é um filme que traz a vivência de Cibele, já que a diretora passou por uma situação muito parecida com sua mãe e ainda venceu um câncer. “Ela preparou a festa de velório dela, escolheu a música. O filme é para falar que a morte existe, que a dor existe e que, muitas vezes, você está querendo lutar contra algo que é inevitável”, revelou.

“Esse filme é muito pessoal e por isso que eu me sinto no direito de falar sobre isso. Eu tenho voz para isso. O fato dos amigos fazerem piada é um pouco do que acontecia comigo naquele momento. Então, eu tive muito cuidado com o limite”, completou Cibele.

O produtor do filme, Patrick De Jongh, também contribuiu para a discussão. “A gente não pode censurar nossas emoções. Então, assim, a história da piada com câncer. A gente coloca essa coisa, que tem essa pseudoagressão dentro do filme, mas o personagem tem uma jornada, onde ele se redime disso. Se eu, justamente, tenho esse equilíbrio dentro do filme, onde eu não posso falar contra algo se eu não exponho esse algo”, complementou.

Oscar Filho aproveitou para concordar com Mariana Xavier. “A gente tem uma tendência de catalogar a arte, o humor ou o quer que seja, como uma coisa prática e muitas vezes não é. Porque a arte absorve muita coisa. A gente está o tempo todo aprendendo. Às vezes você não sabe que vai machucar. Você pode fazer uma piada para 300 pessoas e todas riem, mas tem vezes, em outro espetáculo, quase ninguém ri. A gente passa por isso o tempo todo”, concluiu.

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