Consumidores reclamam de alta nos preços e consideram abusivos

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Entre os produtos que tiveram seus preços reajustados bruscamente está o feijão, com aumento de 50,3%. Crédito da foto: Luiz Setti (9/1/2020)

Muitos consumidores têm sentido a alta nos preços dos alimentos nos últimos dias em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O Procon Sorocaba, em uma semana, recebeu quase 600 reclamações pela prática de preços abusivos.

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) informou que os recentes aumentos verificados em alguns produtos podem ocorrer em função da variação de matérias-primas e insumos. Conforme a entidade, os produtos que tiveram seus preços reajustados mais bruscamente foram o leite (36,4% de aumento), o feijão (50,3%) e a batata (64,5%).

O Procon informou que a alta nos preços tem provocado reclamações e recebeu 596 manifestações no período de uma semana, desde o dia 23 de março. O órgão de defesa do consumidor afirmou que vai notificar todos os estabelecimentos denunciados.

“Para verificar se houve aumento abusivo de preços em mercadorias, o órgão solicita documentação comprobatória de compra às empresas, além de exigir explicações sobre os fatos”, divulgou. As lojas que descumprirem as exigências estão sujeitas à pena de desobediência, nos termos do Código de Defesa do Consumidor. O Procon também pode autuar pela falta de resposta.

Conforme o superintendente do Procon local, Carlos Rocco Júnior, é importante que a população continue denunciando. “Se possível, as denúncias devem vir acompanhadas de fotografias dos produtos e preços expostos, cupons fiscais, enfim, o que puderem utilizar como comprovação de aumento excessivo e injustificado que venham a constatar”, orientou.

Margens de lucro mantidas

A Apas justificou os preços mais elevados afirmando que “os supermercados não definem preços de produtos”. De acordo com a entidade, como elo entre os produtores e os consumidores finais, os supermercados repassam o custo dos produtos que adquirem da indústria. “Em alguns casos, o supermercadista se vê entre o dilema de comprar o produto por um preço maior ou ficar sem o produto em sua loja. Mesmo comprando mais caro, o supermercado está mantendo as mesmas margens de lucro e apenas repassando o aumento do custo de aquisição”, divulgou.
Além do leite, do feijão e da batata, a Apas verificou aumento significativo nos preços dos seguintes itens: alho (18% mais caro); arroz (9,8%); molho de tomate (32,55%); limão (72,1%) e cebola (36%).

Dói no bolso

A motorista de transporte escolar Maria Pires Ramos, 42, conta que desde a semana passada tem sentido uma grande diferença nos preços. “Dói no bolso e parece oportunismo. Sabem que a gente não pode ficar indo em vários mercados para pesquisar e por isso se aproveitam”, afirma ela, que está seguindo a quarentena em isolamento social com o marido e a filha.

Maria comenta que sentiu bastante diferença principalmente nos preços dos legumes e frutas. “A batata, antes de começar a quarentena, eu cheguei a comprar por R$ 2,60, R$ 2,80, mas agora já está quase R$ 4”, compara. Mesmo obedecendo o isolamento social, Maria conta que tem ido em três supermercados quando precisa fazer alguma compra. “Eu moro próximo da avenida Itavuvu, então são várias opções de supermercado. Estou tentando ir uma vez na semana só, sempre de terça-feira e aí eu comparo.”

Lamentando a situação, a aposentada Marta Maria Prestes, 73, que reside no Parque Esmeralda, disse que está com medo dos preços altos. “Eu vivo sozinha, só com o salário mínimo e tudo está mais caro, só o nosso dinheiro que não aumenta”, afirmou. A idosa relata que é viúva e não tem a quem pedir para fazer compras e por isso acaba se arriscando. “Se eu não for comprar, vou morrer de fome”, justificou.

Marta conta que vai sempre em dois supermercados e o preço do leite causou surpresa. “Na semana passada paguei R$ 2,47 e ontem (terça-feira) vi que já estava R$ 3,80. Mesma coisa o arroz. Paguei R$ 9 no pacote esses dias e agora já está R$ 13”, reclama a aposentada. (Larissa Pessoa)

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