Doenças cardiovasculares matam 8 pessoas por dia no DF, diz levantamento

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Para especialistas, o número de óbitos é considerado alto, mas não surpreende. Além do envelhecimento, há fatores que influenciam, como sedentarismo, obesidade e tabagismo

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Distrito Federal. É o que revela uma série histórica elaborada pela Secretaria de Saúde (SES-DF): de 2010 a 2022, foram 41.110 vidas perdidas em decorrência de doenças do aparelho circulatório na capital federal. Nesse período, morreram oito pessoas por dia. Para especialistas ouvidos pelo Correio, os números são considerados elevados, mas não chegam a surpreender.

Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, embasa a afirmação. No documento, os pesquisadores apontam que a doença cardíaca é a principal causa de morte em todo o mundo nos últimos 20 anos. O número de mortes por doenças cardíacas aumentou de mais de 2 milhões desde o ano 2000 para quase 9 milhões em 2019. Agora, o coração representa 16% do total de óbitos por todas as causas no mundo.

Para o médico cardiologista Rafael Silva Côrtes, um dos fatores associados ao elevado número de óbitos por doenças cardiovasculares no Distrito Federal é o envelhecimento populacional. Em 2030, a projeção é de que 16,6% da população terá 60 anos ou mais, segundo o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF).

Côrtes considera que o estilo de vida das pessoas também favorece o surgimento das enfermidades. “Isso se deve a diversos fatores de risco, como hipertensão, diabetes, estresse, obesidade, sedentarismo, tabagismo e alimentação inadequada. São fatores que contribuem para o aumento das doenças cardíacas e vasculares”, detalhou o especialista.

Durante a pandemia de covid-19, especialmente entre 2020 e 2021, houve uma mudança significativa nos padrões de mortalidade. As doenças respiratórias, nesse período, se tornaram uma das principais causas de morte, levando a uma diminuição relativa das mortes por outras causas. Para o médico, mesmo que as doenças cardiovasculares tenham sido menores, o número absoluto de óbitos não diminuiu no período.

“A análise dos dados de mortalidade cardiovascular deve ser feita com cautela. Em muitos casos, a pandemia levou à redução na busca por cuidados médicos devido ao medo de contágio e às restrições nos serviços de saúde, o que pode ter resultado em subnotificação de óbitos cardiovasculares. Além disso, embora mortes tenham sido atribuídas à covid-19, muitos desses pacientes também tiveram complicações cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), que contribuíram para a mortalidade, mas não foram registradas como causa primária”, explica Rafael Côrtes.

Essa avaliação é compartilhada pelo também cardiologista Ricardo Cals. Para ele, o infarto e o AVC são mais comuns na terceira idade. Essas doenças não são tão comuns em jovens, mesmo que seja uma faixa etária que faça uso de anabolizantes e tabagismo, por exemplo. “Quando ocorre AVC e infarto em jovens, ou é porque há problemas estruturais no coração, ou o paciente usou drogas e tabagismo em excesso. Claro que há exceções, mas basicamente é por essas causas”, observa.

O especialista completa que, na terceira idade, que é muito mais prevalente, são as causas clássicas, como colesterol e diabetes, que pouco a pouco danificam as artérias do corpo, até ter essa manifestação de um AVC e um infarto. O mais importante de tudo é ter uma vida saudável, além da ida constante ao médico. Isso tanto para os jovens quanto para os mais velhos”, completou o especialista.

Sequela da dengue

A administradora de empresas Lílian Martins, 43 anos, foi diagnosticada com dengue há alguns anos. A doença acabou desencadeando um problema cardíaco, chamado estenose da válvula mitral, que a impossibilita de fazer algumas atividades durante o dia. “Eu preciso fazer a troca da válvula constantemente, além de tomar medicação a cada 21 dias. Um outro problema é passar o sangue, porque com o problema da válvula, não há força suficiente para fazer o percurso correto ao coração”, conta a moradora do Gama.

Ela explica que há necessidade de uma cirurgia, mas que, por uma situação de sobrepeso, os médicos não recomendam. “Eu tenho um cansaço frequente, porque não tenho uma vida de exercícios. São sintomas que eu passei a sentir após a febre reumática, depois de contrair a dengue”, lamenta.

Segundo o levantamento da Secretaria de Saúde, das doenças cardiovasculares prevalentes no DF, surgem, em primeiro, o grupo cerebrovascular — como AVC, trombose cerebral, hemorragia cerebral, entre outros — seguidas do ataque cardíaco e da hipertensão.

As 3 doenças que mais matam no DF entre 2010 e 2022

Doenças cardiovasculares – 41.110

Neoplasias (tumores) – 32.449

Causas externas – 22.165

Fonte: Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)

Principais sintomas

Muitas vezes, não há sintomas da doença subjacente dos vasos sanguíneos. Um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral pode ser o primeiro aviso. Os sintomas do ataque cardíaco incluem: dor ou desconforto no peito e dor ou desconforto nos braços, ombro esquerdo, cotovelos, mandíbula ou costas.

Além disso, a pessoa pode ter dificuldade em respirar ou falta de ar; sensação de enjoo ou vômito; sensação de desmaio ou tontura; suor frio; e palidez.

Mulheres são mais propensas a apresentar falta de ar, náuseas, vômitos e dores nas costas ou mandíbula. O sintoma mais comum de um acidente vascular cerebral é uma súbita fraqueza da face e dos membros superiores e inferiores, mais frequentes em um lado do corpo.

Fonte: OMS

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